O VAPOR DE CACHOEIRA NÃO NAVEGA MAIS NO MAR
(Djalma Filho)
urina de ratos
- a escorrer -
por entre as pedras portuguesas
[redondas quais cabeças de frade]
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
por entre pedras portuguesas,
escorre urina de ratos
- incessantemente
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
todas as terças-feiras,
quentinho, sai o pão que o diabo amassou
e,
onde,
na nave da igreja, só fica a quem Deus já esconjurou
[Ogunhê!]
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
perto, bem perto,
dizem
do negro liberto,
do filho de escravo,
do branco sem paz
que,
no colo de Oxalá, preto virou
[Atôtô!]
- Sorria, você está na Bahia!
onde,
tudo é belo,
todos são belos
- talqualzinho à Oxum Docô!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
putas moças, putas velhas,
sobre batentes, sobre esgotos,
de peitos de fora,
procuram quem lhes queiram fazer um neném
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde
ainda escorre urina de ratos por entre as pedras portuguesas
[olha o afoxé!]
Vambora, Bahia -
qualquer, o seu estado...
Nota do autor: Meses antes de ir para Guaíba, fui ao Pelourinho. Lá, eu vi uma Bahia triste, com suas praças sem artistas e suas ruas entregue aos traficantes, às prostitutas, aos meliantes... Numa situação não muito diferente daquela Bahia de alguns anos atrás, quando se cogitava até na queima dos casarios históricos e ruídos do seu centro... Uma Bahia triste, onde urina de ratos e de homens se misturava e rolava ladeira abaixo, pelas pedras portuguesas. Voltamos à Triste Bahia - quem não ama sua terra, não pode jamais governá-la.
Guaíba, 12 de setembro de 2010
(Djalma Filho)
urina de ratos
- a escorrer -
por entre as pedras portuguesas
[redondas quais cabeças de frade]
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
por entre pedras portuguesas,
escorre urina de ratos
- incessantemente
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
todas as terças-feiras,
quentinho, sai o pão que o diabo amassou
e,
onde,
na nave da igreja, só fica a quem Deus já esconjurou
[Ogunhê!]
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
perto, bem perto,
dizem
do negro liberto,
do filho de escravo,
do branco sem paz
que,
no colo de Oxalá, preto virou
[Atôtô!]
- Sorria, você está na Bahia!
onde,
tudo é belo,
todos são belos
- talqualzinho à Oxum Docô!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde,
putas moças, putas velhas,
sobre batentes, sobre esgotos,
de peitos de fora,
procuram quem lhes queiram fazer um neném
- Sorria, você está na Bahia!
[o mosteiro de São Francisco é logo ali]
onde
ainda escorre urina de ratos por entre as pedras portuguesas
[olha o afoxé!]
Vambora, Bahia -
qualquer, o seu estado...
Nota do autor: Meses antes de ir para Guaíba, fui ao Pelourinho. Lá, eu vi uma Bahia triste, com suas praças sem artistas e suas ruas entregue aos traficantes, às prostitutas, aos meliantes... Numa situação não muito diferente daquela Bahia de alguns anos atrás, quando se cogitava até na queima dos casarios históricos e ruídos do seu centro... Uma Bahia triste, onde urina de ratos e de homens se misturava e rolava ladeira abaixo, pelas pedras portuguesas. Voltamos à Triste Bahia - quem não ama sua terra, não pode jamais governá-la.
Guaíba, 12 de setembro de 2010
Esse poema gerou uma onda gigante de aplausos, Deja. BRAVO!__Kathleen
ResponderExcluirÓ Deja, que pena! Então está como da primeria vez que visitei Salvador. Desolador. Já quando a visitei da segunda vez, passeei pelo Pelourinho, reformulado, posso até dizer perfumado, limpo, lindo, lindo, amei. Fiquei triste quando tive que deixar Salvador. E agora dizes que está de novo em decadência. Sinto tanto. É triste. Abrs. Mardilê
ResponderExcluirVerdade mesmo Djalma,mas a verdade maior é que ningúem governa a Bahia de fato, é tanta poeira que ninguém vê autoridade, só ouve os atchim!
ResponderExcluirN'est Pas monsieur chevalier?