quinta-feira, 1 de julho de 2010

IFIGÊNIA NÃO ERA ADÚLTERA, NÃO COMENTEU ATENTADO AO PUDOR, E NEM INFRINGIU A NOVA LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA - Djalma Filho


IFIGÊNIA NÃO ERA ADÚLTERA, NÃO COMENTEU ATENTADO AO PUDOR, E NEM INFRINGIU A NOVA LEI DE CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA
(Djalma Filho)

feita
[sedução]
tal qual a pena do pavão
que tatuou um diabo alado no rabo
do rei do Urukudauê

a poesia
[uma só poesia]
chega
para a desmoronização dos muros de Urukudauê,
onde, os adoradores do rei
[de fuxico em fuxico]
falam mal dos sábios, dos bobos, dos menestréis da corte,
de todas as mulheres dos primeiros-ministros,
da rainha quase obesa,
dos malabares dos circenses do reino,
dos artistas mudos
condenados à fogueira
sem ter como explicarem-se
pelas falas da tragédia de Eurípides

ah, desgraçado poeta!...

tua poesia,
feita
com a suavidade da seda pura do oriente para tua Ifigênia,
a levou à sentença máxima:
dormir a pão e água no silêncio dos açalpões!

masmorras,
donde foi solta,
quando assumiste ter sido o calígrafo
da pena do pavão
que tatuou um diabo alado no rabo do rei de Urukudauê!


Nota do Autor: Poema classificado em terceiro lugar no 3° Concurso Nacional de Poesias de Colatina.

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