EXCELÊNCIA AO PORCO MORTO
(Djalma Filho)
ao
vê-lo assim,
tão magro,
entre sacos descartáveis, latas
de cervejas e garrafas de plástico,
dei a
querer saber qual a mais feia das carcaças:
a
dos bichos ou a dos homens?
ao seu lado direito,
um rato de esgoto,
ao
seu lado esquerdo, um cachorro magro
–
qual, enfim, a mais feia das carcaças?!
Ontem,
numa
vala enorme próxima à minha casa,
eu
vi a caveira de um porco
– parecia ter sido
um porco estupidamente gordo –
que,
ao
invés de uma maçã na boca,
trazia
um
sem número de moscas varejeiras
[a
gordura escorreu-lhe]
mas,
naquela
carcaça de porco
–
provem-me, por favor, ao contrário –
havia,
sim, uma alma:
alma
igual a alma de gente
[a
alma também escorreu-lhe?]
e,
ainda
pensando na qual mais feia das carcaças,
segui
tal
e qual o porco da vala:
a arrastar no corpo
gordo, uma probabilidade de alma!
Nenhum comentário:
Postar um comentário