quinta-feira, 24 de junho de 2010

SARCÓFAGO - Djalma Filho


SARCÓFAGO
(Djalma Filho)

uma carteira de Carlton gasta, uma máquina de escrever antiga,
um bule de café, um óculos de lentes grosseiras,
um quindim e muitos olhares pálidos:

eis meu futuro!

mulheres sem serem mulheres - apenas musas? -
e a curiosidade maldita dos que me vêem em fotos de rua...

fumar até gastar o pulmão
e escrever tudo que me sobrar do coração...

eis-me em futuro!

preciso
[com uma urgência de coxo e cão]
ser mais diabo e deixar as dependências do Majestic.

nenhum fantasma é necessário à vida!

a permissibilidade da bondade em tios velhos me incomoda;
no entanto,
[bem discreto]
não quero que venham a fuçar minha vida-pós-vida

se, algum dia,
pedi para ser solitário em minhas memórias
e para viver com qualquer poesia
é porque não quero me ver no quarto
que foi do Quintana,
um dia.

Nota do Autor: Poema feito em janeiro de 2007, após uma visita à Casa de Cultura Mario Quintana. Foto do arquivo pessoal do autor.

3 comentários:

  1. "nenhum fantasma é necessário à vida! "

    Mas os pulmões são, amigo Bruxo, e já passou da hora de você largar do cigarro.

    Recebi a mensagem e cá estou: visite-me também no
    http://eumeuoutro.blogspot.com/

    Abração

    ResponderExcluir
  2. Oi Deja,
    Lindo seu rebento.
    Aos (i)mortais, as homenagem e a invasão de seus quartos e salas. Visitas desnecessárias já que a alma está nos escritos do poeta.
    Bom, já estou te seguindo, coloquei também um link no meu blog www.paolacaumo.blogspot.com (Sigam-me os bons! hehe)
    Beijos meus
    Paola

    ResponderExcluir